quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Grandes ataques para pequenas migalhas

23/11/2010



A nota da Fundasp de ontem antecipou qual seria a linha que a Igreja levaria para a negociação. Um diálogo reiterando que quem manda na PUC-SP é a mantenedora e que atenderia as demandas no limite das possibilidades.
Hoje, os onze representantes dos cursos souberam que os limites da possibilidade era nada mais nada menos do que a combinação de grandes ataques a comunidade aliado a pequenas migalhas que não objetivavam o altruísmo cristão, mas sim a divisão do movimento estudantil. Essa prática de divisão já havia sido posta em prática na reunião do Consad que culminou na ocupação da Reitoria. 
Antes de entrar no conteúdo das propostas, iremos fazer algumas denúncias sobre o funcionamento da reunião: a TVPUC não apareceu para transmitir a reunião, descumprindo o acordo firmado entre as partes, a Apropuc enfrentou resistência para poder assistir a negociação e por último o padre João Júlio saiu antes do final e o padre Rodolpho não compareceu.
A perfeita leitura da realidade fez com que o Consad soubesse que a correlação de forças está favorável a eles e que era o momento propício de irem à ofensiva para o aprofundamento do caráter elitista e mercantil da universidade. O salto qualitativo da correlação de forças se deu pela precipitada desocupação da Reitoria que tirou a carta na manga do movimento que não apenas era um elemento de pressão nas negociações como também dava visibilidade e repercussão nos três setores universitários e também na sociedade para a campanha pela redução de mensalidades. A não punição aos estudantes, por terem desocupado a Reitoria, foi o prêmio que o Consad nos deu para colocar a correlação favorável aos interesses deles.
Assim o Consad se viu confortável com a proposta de transformar a redução das mensalidades em redução do aumento das mensalidades. O Consad reajustou a proposta de aumento das mensalidades de 12% para 9,5%. Esse foi o ataque, agora a migalha consistiu na proposta de dar bolsas, mostrando como funciona a sua política de permanência estudantil e excelência. Lembrando que houve divergência nesse ponto entre Fundação e Reitor. Inicialmente o reitor sugeriu 100 bolsas e o padre J. J 50, sendo que no final ficou de cinquenta a 100 e não decidido o valor exato. E as 50 outras bolsas são de iniciação cientifica. Para 20.000 estudantes, mensalidades que custam mais de três ou quatro salários mínimos, para 100 alunos bolsas integrais, no melhor dos cenários, e 50 bolsas de pesquisa científica. 
É sempre bom lembrar que o aumento das mensalidades irá aumentar também o número de inadimplentes. Se considerarmos pela perspectiva do inadimplente até mesmo o congelamento das mensalidades não atenderia as nossas demandas, pois as mensalidades ainda custariam de 3 a 4 salários mínimos e os índices de inadimplência seriam os mesmos e o status quo elitista não se alteraria. A consciência de que a inadimplência irá aumentar, fez o Consad humanizar-se e com muita piedade flexibilizasse a renegociação da dívida dos inadimplentes de 3 para 5 parcelas.  
Recordemos que a luta pela redução das mensalidades objetiva garantir a permanência estudantil, reduzir a inadimplência e aumentar o acesso da população pobre. De modo que, não é qualquer redução que resolveria os nossos problemas, pois os preços das mensalidades são tão abusivos que uma redução de R$ 200,00 ,por exemplo, no curso de Psicologia seria inexpressiva, pois tornaria a mensalidade de R$ 1700 em R$ 1500, coisa que manteria o mesmo caráter, projeto e composição social da PUC-SP.
Mesmo cobrando essa fortuna mensal dos estudantes, o Consad é incapaz de garantir um bandejão de qualidade por R$3,00. Não garante a criação de um centro de educação infantil, para estudantes e trabalhadoras deixarem seus filhos e muito menos aumenta os vergonhosos 16 reais de hora-aula para os professores com doutorado nas Ciências Sociais. Isso pra não falar na efetivação dos trabalhadores terceirizados da limpeza. Pra onde vai todo esse dinheiro? Somente a Vale, Bradesco e o Santander têm direitos nessa universidade? E a comunidade não tem direito a nada, apenas a pagar? Ninguém aqui é otário. Seu bando de canalhas e safados, abram os livros de conta e digam em alto e bom som o que vocês fazem com o nosso dinheiro. Quem na realidade são os mantenedores da universidade? São os professores maximizados, funcionários terceirizados e estudantes inadimplentes e não a Igreja e os capitalistas da educação. Por isso, gritamos para todos: Abaixo o Consad!!! A PUC é nossa!!! Unidade estudantil para massificar a luta!!!
220V

Pós-ocupação

22/11/2010


Ao contrário da assembléia da manhã que não apenas votou a permanência da ocupação como também avançou para a ocupação da cozinha, a assembléia da noite de um modo muito tumultuado e por uma diferença mínima deliberou a desocupação da Reitoria. Seu argumento foi o receio da entrada novamente da Tropa de Choque, coisa que não estava na ordem do dia. Os mesmos integrantes do CCA alteraram da manhã para a noite, assim como da água para o vinho, seus posicionamentos acerca dos rumos do movimento. 

A carta escrita pelo reitor Dirceu de Mello na sexta-feira demonstrou uma inflexão na sua postura que inicialmente lavava as mãos sobre uma possível entrada da polícia para uma postura ofensiva de criminalizar o movimento. Essa atitude do reitor causou precipitadamente a desocupação. Por mais, que a posição da Reitoria tivesse mudado, ela não sinalizava imediatamente a entrada da Tropa do Choque, visto que há todo um trâmite a ser cumprido pelo oficial de justiça com uma liminar. Fato que não existiu.  

Nós, votamos pela permanência da ocupação por acreditar que ela era melhor via de se conduzir a luta pela redução da mensalidade aliada à abertura do livro de contas. Para vocês terem uma idéia da visibilidade que ganhou a ocupação, iremos colocar alguns números: no facebook conseguimos 132 seguidores e as visitas diárias na semana foram 7.573, no blog apenas no dia 19 houve 3.100 visitas e sábado 1.635 visitas, no twitter foram 281 seguidores, ressaltando que esses números são muito maiores, pois, por exemplo, o blog registra visita por IP e quando o acesso é feito na PUC-SP o IP é o mesmo. No twitter e facebook há mais gente que acessa as informações além dos seguidores. Ademais, é bom lembrar que a ocupação obteve repercussão em toda a Imprensa e também moções de apoio de parlamentares e do movimento estudantil de todos os cantos do Brasil, assim como da fábrica argentina Flaskô que está sob controle operário.

Esses fatos demonstram que a ocupação da reitoria deu um salto qualitativo na campanha pela redução e essa experiência por ser ainda muito embrionária não havia esgotado todas as suas potencialidades. Inúmeros cursos estavam entrando de cabeça na ocupação, - Relações Internacionais, Serviço Social, Ciências Sociais, Geografia, etc-, ao contrário de interrompê-la, o movimento devia fortalecê-la e utilizar toda essa visibilidade para se antecipar e denunciar a sociedade a possível entrada da Tropa de Choque. Ao invés de nos retirarmos por uma ameaça que não estava na ordem do dia, teríamos agora uma correlação de forças muito mais favorável, a famosa carta na manga. Infelizmente, a decisão equivocada triunfou.

Mesmo discordando dela, continuaremos a campanha pela redução, pois não vamos perder o foco e nem muito menos iremos dividir o movimento, pois quem faz isso e com muito êxito é o Dirceu de Mello. Acreditamos que um erro não se conserta cometendo outro, por isso não somos sectários e devemos continuar atuando.

Nesse sentido, participamos da reunião com Dirceu e o Padre Rodolpho em que ficou acertado que a negociação irá ocorrer hoje, dia 22/11 entre o Consad e a Comissão de Negociação no período da tarde provavelmente entre às 14h e 15h e será transmitida via internet pelo site oficial da PUC-SP. Assim, acreditamos que toda a comunidade deva assistir e acompanhar de perto esse processo que ainda está em curso e continua com a nossa demanda que não apenas assegura a permanência estudantil e diminui a inadimplência, como viabiliza o acesso a universidade para a população pobre. Por isso, chamamos todos a participarem das próximas atividades do movimento e nos reunirmos hoje às 11h30min após o horário da aula. E a assembléia no período da noite.

220V


Os próximos passos

19/11/2010

A ocupação da reitoria da PUC-SP a princípio ocorreu para garantir a permanência estudantil a partir da redução da mensalidade. Assim, ficou demonstrado duas coisas: o caráter elitista da universidade e o esgotamento dos espaços de diálogo com o Consad. A repercussão na grande imprensa e as inúmeras moções de apoio a luta revelaram que essa realidade de mercantilização está em consonância com o que ocorre nas outras universidades e os planos do governo Lula de criar centros de excelências para as grandes empresas e outros espaços de expansão de mão de obra precarizada.

Nesse sentido ficou mais claro do que nunca que os interesses do Consad são inconciliáveis com o interesse da comunidade puquiana. Ao mesmo tempo que isso ocorre, vemos acordos do Consad com a empresa Vale colocando o conhecimento produzido para áreas de interesse estratégico da empresa.. Isto é, a mesma universidade que no passado combatia a ditadura militar hoje em dia torna-se um espaço de reprodução dos lucros das empresas. Educação não é mercadoria!!!

Para se contrapor a esse projeto e pensarmos numa universidade gerida pela própria comunidade temos que abolir o Consad e construírmos uma estrutura de poder que expresse a composição social comunitária com estudantes, professores e funcionários. Só assim conseguiremos a recomposição das perdas salariais, efetivação dos trabalhadores terceirizados, anistia da dívida e rematrícula dos inadimplentes. A chave para conseguirmos as demandas específicas de cada setor é atuarmos como um coletivo de toda a comunidade, acreditando em nossas forças e sendo a primeira pessoa do plural. Se atacam um, atacam todos; se um contra ataca, contrataremos todos!!!

Para as negociações de hoje temos que ter em mente que se o Reitor e a Fundação vierem com a linha de congelamento da mensalidade, nós não devemos aceitá-la, pois a permanência do mesmo valor, só irá perpetuar os índices de inadimplência e não resolverá o problema da permanência estudantil. Caso queira como ontem dizer que dará descontos de mensalidade apenas para alguns cursos e não para todos, nós não devemos aceitar também, pois qualquer palavra do Consad a respeito do que se pode ou não dar de bolsas na PUC, só poderá ser legitimado com a Abertura dos livros. Somente assim teremos a real dimensão do destino de nossas mensalidades de mais de R$1.000 reais. Por que se opta por contratar empresas terceirizadas e não se opta pela efetivação dos funcionários da limpeza? Será que isso realmente é uma inviabilidade ou uma opção consciente de projeto político? A luta pela redução só será plena se a conectarmos com as Aberturas dos Livros.
Essa é a principal medida concreta que devemos impulsionar para que a comunidade comece a ter a real consciência do que se passa financeira e administrativamente nessa universidade.

Outro passo importante para que a comunidade saiba o que acontece na universidade e com a mobilização do movimento, ocorrerá por meio do fortalecimento das comissões existentes e também com a garantia de que as discussões estarão presentes nas salas de aula através de representantes que estejam encarregados de levar as discussões do movimento para a sala de aula, assim como da sala de aula para o movimento. Se conseguirmos fazer isso, tornaremos o movimento mais forte e expandiremos o alcance da discussão. Somente assim garantiremos que não haja o isolamento e a burocratização do movimento e o Consad pense duas vezes antes de conjecturar de colocar a polícia pela terceira vez aqui dentro, pois saberá que haverá resistência e o tiro sairá pela culatra, pois a PUC é nossa!!!

220V

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Licenciatura

A Licenciatura no fogo cruzado dos interesses

Existem duas perguntas que os estudantes de C. Sociais inevitalvemente tem que responder: i) O que são as C. Sociais? ii) Em que irão trabalhar?

Sobre a primeira há inúmeras respostas sustentadas pelos cientistas. Agora com relação a segunda há sempre um estranhamento entre os estudantes dos porquês num curso com escassas oportunidades, é vetado pelos professores da Faculdade a possibilidade dos alunos serem como eles, isto é, professores. Por que há tanta resistência dos professores em tratar do assunto, será ele um tabu? O que será que há por trás da questão da Licenciatura? Qual a origem do temor em mexer na grade curricular?

A origem do temor decorre da combinação de dois fatores: professores maximizados e sua recusa em lutar contra o Redesenho Institucional. A demissão e maximização dos professores na C. Sociais não criou um fenômeno de luta com greves e questionamentos aos rumos que a universidade vem tomando. Ao contrário, criou-se uma subjetividade de cada um por si e salve-se quem puder. Nesse sentido, aceitou-se as regras do jogo colocadas pelo Redesenho e os professores tiveram que se relocalizar no novo cenário. Assim, por não ter isonomia salarial houve uma disputa entre as aulas da graduação e da pós-graduação; também houve a disputa entorno da influência dos núcleos de pesquisa que além de tratar das disciplinas a serem lecionadas, também colocaram a possibilidade de ingresso dos alunos e de orientandos em cada um deles, o que é fundamental para se conseguir mais bolsas de incentivo a pesquisa.   

Em meio a esse processo de precarização do trabalho, foi sancionada a lei 11.684/2008 que incorporava a Licenciatura ao Ensino Médio. Deste modo, reapareceu a demanda estudantil pela Licenciatura. Por estarem adaptados ao Redesenho Institucional, os professores viram a Licenciatura como uma ameaça pelos motivos descritos acima. Assim, alguns deles começaram a demonização da Licenciatura, ocultando os reais motivos de sua oposição, assim iniciaram inúmeros discursos absurdos que distorciam as posições da Comissão para o curso. Por exemplo, o professor Edson Passetti e a Salete dizem que a comissão quer transformar a PUC-SP num colégio ou numa escola técnica. Como pode ser a gente que quer transformar isso aqui num colégio, se quem precarizou a faculdade foi a Igreja e fomos nós que nos opomos ao Redesenho? Por que no Consun o Passetti não utiliza seu espaço como representante para ser intempestivo e insubordinável contra a Igreja? Também vimos o silêncio irônico da professora de Antropologia Lili quando levamos a discussão em sala de aula e também vimos a oposição do professor Edson Nunes. Os professores Edmilson Bizelli, Carla Garcia, Lúcio Flávio, Mônica Carvalho, Pedro Arruda Fassoni  que se diziam favoráveis contribuíram com muito pouco para a causa, coisa que nós solicitamos que o façam mais ativamente soltando moções de apoio, se articulando no departamento e discutindo em sala de aula para a efetivação da licenciatura. A pró-reitora Haydee participou de muitas reuniões, mas se recusou em assinar os documentos de compromisso. A coordenadora Rita dizia que não podia fazer nada e que o problema era do PIF/PEB e o PIF/PEB dizia que não era dele. Se a coordenadora não pode fazer nada, quem pode fazer?

Na nossa opinião os estudantes podem fazer alguma coisa, porém o discurso rasteiro de demonização converteu a cabeça de muitos que por terem uma sensibilidade anti-movimento passaram a reproduzi-lo sistematicamente ao ponto de quando a comissão passava em sala muitos davam risadas. Meus caros ingênuos, quem fez vocês de massa de manobra não foi o movimento estudantil, mas seus renomados professores de excelência e o mais trágico é que só agora vocês ficaram sabendo. Caso tivesse sido aprovado o plano emergencial, não haveria nenhuma modificação na grade curricular de vocês que aliás já é também precarizada. A luta pela Licenciatura não afetaria o vosso umbigo. Apenas abriria uma possibilidade para quem por opção ou necessidade quisesse dar aula no Ensino Médio tivesse esse direito adquirido. Se houvesse uma luta massiva para implementá-lo, haveria ainda um trunfo da Pró-reitora, pois em uma das reuniões, ela cogitou em expandir o plano emergencial até as turmas de 2010. O cálculo dela era muito simples, caso houvesse mobilização, eles davam a Licenciatura por fora da grade curricular e isso daria um duplo resultado, primeiro dizendo que a PUC é democrática, visto que quando se sentava os estudantes e professores as coisas se resolviam e por outro lado não se mexeria na grade curricular, coisa que não desgastaria sua relação com o Conselho Departamental. Em suma, uma manobra fantástica que até o Bob Fisher aplaudiria. Esse seria um dos dilemas do movimento pela Licenciatura, se houvesse massificação da luta, ele teria que escolher entre lutar apenas para a licenciatura para as turmas até 2010 ou avançaria para questionar a estrutura de poder da faculdade e também a grade curricular. Mas como não houve mobilização, a burocracia nem precisou usar esse trunfo e tudo se resolveu pela passividade. Tudo ficou no mesmo lugar. Alguns se matando pra entregar o TCC não tinham tempo para elaborar nenhuma proposta, outros focados nas eleições do CACS esvaziada de programa político não deram nenhuma resposta a esse problema. Sendo contraditoriamente uma parte do setor que impulsiona essas lutas. Ao invés de falar do apoio do Michael Jackson, Melocoton, Seu Madruga, Mestre Myagi, dentre outros, seria muito mais fecundo falar da Licenciatura. Esse é um dos saldos dessas eleições, o plano emergencial não saiu. A Licenciatura saiu pela saída de emergência.

Por outro lado, grande parte dos estudantes que conduziram a luta pela Licenciatura cometeram um erro crucial. Ficaram totalmente apoiados nas instituições do Redesenho, sem perceber que elas não podem deliberar por um outro projeto de universidade. Atrelado a isso, se opuseram a qualquer medida radicalizada que forçasse o departamento a se posicionar definitivamente perante o curso. Ao apostar todas as fichas no diálogo, eles foram enganados, pois como pensar no diálogo se até a quadra esportiva estava com cadeados, se não há um bicicletário decente, se há goteiras na sala de aula e falta de professores ... Se não tivessem considerado a licenciatura e todas as medidas específicas dos cursos descoladas da discussão da estrutura de poder, não precisariam recorrer ao Procon. Ninguém pode esquecer que ir ao Procon é reclamar pelo direito de consumidor. É se adequar a lógica da educação como mercadoria. Exigir uma ação por danos, por conta do Manual do Estudante apresentar uma brecha que dizia oferecer também a licenciatura é muito pouco para quem quer pensar a sociedade, agora pode ser muito lucrativo se pensarmos num resultado pessoal, pois com uma enorme indenização vai dar pra comprar o carro do ano. Qual o resultado político disso? A mesma estrutura de poder, da grade curricular e do ensino que estamos tendo. É aceitar as leis ditadas pelo mercado e o governo e agir apenas dentro dos limites institucionais sem questionar as razões dessas instituições e os motivos do porque estamos passando por tudo isso e continuaremos a passar se não reagirmos. Paguei por um serviço que não foi prestado, logo vou a justiça lutar pelos meus direitos e quero a indenização com juros e correções monetárias. Precisamos ir mais longe do que isso, pois lutar pela licenciatura não é apenas, lutar por um emprego, mas também por uma reflexão da sociedade no Ensino Médio, pois é sempre bom lembrar que quem tirou a Sociologia foram os militares.   

Ao olhar apenas para o próprio Umbigo sem pensar nas mediações que a Licenciatura colocava de forma clara para outro projeto de universidade, esses estudantes aplicaram a mesma lógica do cada um por si e salva-se quem puder. A Lei de Gerson foi o imperativo categórico desses alunos: "Seja esperto certo!" Se entrar um graninha vai dar até pra ir a Paris tocar maracatu pelado na Torre Eiffel. Mais uma vez os estudantes não se viram como um conjunto, mais uma vez o mesmo individualismo. Mais uma vez o mesmo resultado. Salva-se quem puder dessa sujeira, caso contrário se lambuze na merda.  

Se há alguém que não queira se lambuzar na merda, chamamos todos, em especial os primeiros anos, para reuniões na quinta dia 18/11 de manhã às 11h30min e a noite às 18h30min para pensarmos alguma ação concreta, enérgica e rápida que reabra a discussão da Licenciatura. 

220V

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Fratura de umbigos

 ao Rafael 


Isso não é a resposta, apenas um Pince-nez para o Umbigo.
Se não quiser utilizá-lo que o abandone
Mas se quiser transformá-lo que o torne um microscópio.

O Micro é um pensamento sofisticado que muitas vezes se banaliza.
Bienal do vazio.

Keep walking!!! Como o Whiskey propõe...
Mas aí corre o perigo
da cigana maliciosa cair no jogo de cartas marcadas.
Esse é o meu ponto, a minha crítica.

Quebra-se tudo
Desconstrução - o oposto da música do Chico
Muitos Filmes que tratam da doença do EU
mas só se viabilizam com a LEI
A lei Rouanet

Esse leque é perigoroso
Pois o vento que cria
refresca o capital
dá-lhe uma oxigenada

E a paixão ardente dos jovens
descobre que seus beijos e carinhos
Foram cenas de figurantes
Rentávei$
para a edição de qualquer Diretor Holliwodiano

Qual casa se fundará?
A engraçada que não tem teto não tem nada?
A mansão de Alphaville?
A de maderite?
Ou a festa no apê?

O mundo redondo não tem o formato de Umbigo
Se quisermos beleza que o enxergamos como um lindo olho azul.
Mas a beleza não está nos olhos de quem vê,
e nem nos mau-tratos a mãe-natureza.
A beleza está em sermos a primeira pessoal do plural. Plural.
P L U R A L!!!!

(opupuy) 


 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Resposta ao "De que lado você samba?"


Um aspecto comum das chapas é a contradição entre o que dizem e como agem. Em um texto anterior, colocamos as confusões autogestionárias, agora iremos expor as contradições do "De que lado você Samba?", pois como dissemos na Tréplica: "220V não é segregador do movimento como foi dito nos corredores. Apenas gostamos de ser claros e de colocar nossos pontos de vistas de modo preciso para que não haja dúvidas nos estudantes." Deste modo, colocaremos nossas críticas em relação a chapa "De que lado você Samba?".

A primeira contradição deles é ser uma chapa formada majoritariamente por estudantes de História e ao mesmo tempo se recusar a fazer um balanço de sua atuação. Como entender o presente, sem entender o passado? Como situar o presente em perspectiva histórica sem apresentar o contexto histórico? Ou como diria o Paulinho da Viola como pensar o futuro sem esquecer o passado?

O surreal atraso com que soltaram a atual carta-programa fez desse agrupamento, uma tímida porta-bandeira que no quesito balanço infelizmente teve a nota zero. O balanço é a chave para qualquer caracterização política, pois trata a realidade dentro do contexto histórico. Ao se negar em colocar as suas posições publicamente em perspectiva histórica a "De que lado você samba?" não utilizou a categoria analítica Refluxo para compreender a realidade. Nesse sentido, dá o absurdo título "Um 2010 muito longe do marasmo" para o ano corrente. Se 2010 estivesse muito longe do marasmo, no debate da noite não estariam presentes em sua maioria as mesmas caras do movimento estudantil, a subjetividade pós-moderna não estaria fortalecida e sobretudo o Consad estaria sendo sistematicamente questionado por toda a comunidade. Ao não enxergar a atual conjuntura como um período de refluxo, escapou a oportunidade de tratá-lo como preparatório para o próximo ascenso, relatando aos primeiros anos que a naturalização do status quo é um engodo e que a dinâmica dos fatos é sempre marcada por saltos qualitativos.
  
Além de analisar a conjuntura, o balanço também apresenta a auto-crítica da gestão. Esse é o ponto. Lembremos o que diz o camarada Lenin sobre as pessoas inteligentes: "Pode-se dizer, da política e dos partidos, com as variações correspondentes, o mesmo que dos indivíduos. Inteligente não é aquele que não comete erros. Não há, nem pode haver, homens que não cometam erros. Inteligente é aquele que comete erros não muito graves e sabe corrigi-los acertada e rapidamente." A auto-crítica é a pedra angular para as pessoas inteligentes segundo Lenin. Se não quisermos ser Homer Simpsons, devemos lembrar das geniais palavras do camarada Lenin ... Por não fazer a auto-crítica, a atual gestão não sinaliza se conseguirá superar as contradições apresentadas em 2010.

Na nossa carta aos primeiros anos, perguntamos: "PSTU, de que lado você samba e qual é o seu balanço? Na sua carta programa você chama o Abaixo o Consad e a intervenção da Igreja, porém na Audiência Pública vocês querem que o Consad garanta a permanência do estudante na universidade alimentando a ilusão de que ele pode defender os interesses estudantis." 220V considera essa intervenção equivocada por ela não se contrapor a atual estrutra de poder. Dizer o Abaixo Consad e atuar desse modo é contraditório na nossa visão e o mais problemático é não fazer a auto-crítica. Do mesmo modo que consideramos errado quando no programa de vocês não há uma vírgula sobre a atual estrutura de poder do Conselho Departamental. A precarização do curso de história e o impasse da Licenciatura em Sociais são frutos da participação estudantil ser uma fachada nessas instâncias deliberativas. A ausência de auto-crítica é o ponto de apoio para os autogestionários dizerem que o papel aceita tudo e que as bandeiras estão aí a muito tempo e não resolvem nada.     
  
Na carta programa vocês apontam sem fazer um aprofundamento do significado o seguinte dado: "Recentemente, a PUC-SP foi considerada a 2ª melhor universidade particular do país e a melhor universidade particular de São Paulo." Em nosso balanço do debate dissemos: "No passado a PUC se tornou renomada e de excelência por ter se aberto para a sociedade, demonstrando vivamente que a universidade não é um fim em si mesmo. Era isso que dava orgulho. Ela nunca tinha hesitado em se posicionar politicamente diante dos principais acontecimentos, acolhendo refugiados, exilados e perseguidos políticos. Para citar apenas um exemplo vale lembrar do Florestan Fernandes. Infelizmente, hoje em dia ela maximiza professores, terceriza funcionários e expulsa os estudantes inadimplentes e pra coroar a mordaça agora querem reduzí-la a sala de aula, fechando-a em si mesma, da mesma forma que colocaram cadeados na quadra esportiva." No passado a excelência decorria de se pocisionar politicamente perante a sociedade, hoje em dia a excelência decorre apenas de uma produção acadêmica descolada de posicionamentos perante a sociedade, assim como perante a própria situação da universidade. Hoje em dia há a combinação perfeita entre produção acadêmica e o silêncio dos intelectuais. A resignificação do que seja a excelência está atrelada a projetos distintos de universidade. Vocês no mesmo programa colocam sobre a necessidade de se criar um novo projeto para a universidade, mas quando apontam o  dado anterior não fazem a distinção entre o que era excelência antes e hoje em dia. 

Para nós, a atual gestão em muitos momentos se adaptou a dinâmica do refluxo e esqueceu muitas vezes de convidar os estudantes a lutarem. Qual a atuação de vocês no período da manhã? Pelo que sabemos, lá sim foi o verdadeiro marasmo. Não é a toa que a auto-gestão tem muito peso de manhã, inclusive com os primeiros anos compondo a chapa. Como os estudantes da manhã mesmo sabendo que vocês são 67 pessoas poderão saber que a ação será diferente dá de 2010? Eles, sim, irão perguntar a vocês: "De que lado você samba?" Ter uma gestão apenas depois da hora do Rush é uma debilidade muito grande, os estudantes não podem vê-los apenas como turistas de manhã. Esperamos que caso vocês vençam, a atuação seja outra no período da manhã.

Para confirmar que não somos segregadores do movimento, gostaríamos de dizer em público que houve o debate interno dos 220V sobre a questão do apoio crítico ou a crítica ao apoio em relação a vocês. A resposta unânime foi de crítica ao apoio, pois vocês não fizeram a auto-crítica. Como podemos dar apoio a vocês, se vocês não fizeram o que pedimos que era o balanço? E com certeza essa crítica não é apenas nossa, todo estudante tem direito de saber qual é o balanço de cada gestão, ainda mais se ela concorre a reeleição. Esperamos que quando responderem publicamente a essas linhas, façam a auto-crítica e finalmente soltem esse balanço, pois temos completa certeza de que vocês não são Homer Simpsons, mas sim pessoas inteligentes.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Tréplica

Uma Resposta aos autogestionários

Em nosso balanço do debate dissemos: "Ao optar em não ser um agrupamento sólido, com idéias e objetivos bem determinados, a auto-gestão líquida cai em nome de um discurso fluido sem nenhum tipo de delimitação em falas desconexas que confundem os estudantes, pois de manhã dizem que não tem programa, depois soltam material dizendo como será o funcionamento do Cacs como um espaço político, depois soltam outro material com alguns posicionamentos políticos. Esse percurso todo faz com que os estudantes não tenham a mínima idéia de qual será a próxima manifestação deles."

Agora já sabemos quais foram, de modo que já temos mais elementos pra aprofundar as nossas divergências políticas.

Os novos rumos fluidos foram os seguintes: na semana retrasada da PUC, no debate da manhã houve a proposta da abolição das eleições, a noite a proposta de unificação das chapas, no outro dia uma reunião dos autogestionários para acertar os pingos nos is, pois perigava haver um racha por conta da suspeita de uma burocratização. Ademais, soltaram alguns textos respondendo e colocando críticas as nossas posições. O texto que segue é uma tréplica a essa atuação teórica e prática.

Um espectro ronda o Cacs - o espectro do pós-modernismo. A eleição do Cacs colocou espontâneamente a questão da quebra dos paradigmas sob o ponto de vista da prática. A liquidez autogestionária como já descrevemos acima, por trás de um discurso plural revela, nada mais nada menos, do que CONFUSÃO teórica e mais CONFUSÃO prática que no fim só leva a contradições e mais contradições. Primeiros anos, vocês estão experienciando o discurso pós-moderno de um ponto de vista prático, coisa que o silêncio dos intelectuais nunca irá lhes dizer.


Ao partir de uma matriz de pensamento calcada na descontinuidade, a Auto-gestão abriu mão de toda a caracterização que o movimento estudantil construiu ao longo dos anos de luta contra o Redesenho. Nesse sentido, a visão autogestionária por ter como imperativo o entendimento de que qualquer categoria que queira apreender o real acaba o reduzindo e o simplificando, vê como um absurdo dizer que a dinâmica do movimento se dá por ascensos e refluxos. Assentado isso, eles não conseguem extrair a concepção otimista de que o refluxo quando bem trabalhado se torna na realidade um período preparatório. Por considerar a fluidez do Deixa a vida me levar a melhor coisa do mundo, a auto-gestão não formula nenhum prognóstico e assim nunca se antecipa aos fatos, ao contrário, sempre é pega de surpresa, desse modo as lutas que ocorrerão serão sempre reativas e no máximo conseguirão ter lampejos inventivos múltiplos que por serem efêmeros se esvairão no próximo refluxo. Esse é o preço que se paga por não ter projeto e objetivos claros.

Vocês disseram que o papel aceita qualquer coisa. Dizer isso é fazer um papelão. O papel só aceita aquilo que depois de uma auto-crítica foi escrito na prática pelos estudantes da PUC, nas suas lutas no início do século XXI. Quando fizemos cadeiraço, - que é tirar todas as carteiras do prédio velho e colocá-las no Pátio da Cruz-, quando expulsamos do Tuca e da P-65 os burocratas que estavam votando o Redesenho, quando ocupamos a Reitoria e a polícia teve que dar uma forcinha no parto do Consad. Essa é a história que deve ser contada pra não se tornar efêmera ou trivial. Aliás, só mais uma curiosidade, dissemos no nosso balanço que não dá pra pensar a PUC hoje em dia sem pensar no Redesenho e quem fosse contrário a essa visão que se pronunciasse publicamente. Surge então as seguintes perguntas aos autogestionários: "Por que no histórico que expõe pelo efêmero não se menciona a experiência da PUC no século XXI? Como seria avançar do olhar do micro que é um Centro Acadêmico para as enormes mudanças estruturais que ocorreram com o Redesenho pelo olhar do efêmero que não pensa em causas e efeitos?


Se fosse verdade que o problema do CACS é o fato de ter gestão ou não, porque em toda a primeira década do século XXI houve chapas que propunham a auto-gestão e elas nunca venceram. Além disso, se essa fosse a principal demanda dos estudantes já haveria um movimento espontâneo de todos os estudantes pela auto-gestão e não a necessidade de montar uma chapa, explicar o que se quer e se organizar para tal. Como pode ser oxigenado o CACS, se na estrutura da reunião autogestionária está determinado um modo rígido de quais as condições para se pautar um tópico de reunião? Desconsiderando por exemplo os alunos que fazem apenas uma ou duas disciplinas por semana e não podem comparecer dois dias antes para escrever na lousa o que querem como pauta. E se a idéia surgir na véspera da reunião, devem os estudantes aguardar até a outra semana pra poder discuti-la. Isso está muito longe de ser uma oxigenada, aliás está muito mais para morte súbita ... RIP.


Se a auto-gestão saísse um pouco do micro veria que o Cacs faz parte do CCA e aí o problema da representação entraria de novo em cena. Já apontamos isso no nosso balanço. No CCA, o CACS tem apenas 1 voto e nada mais. Nesse sentido terá que tomar uma posição, só uma diante da faculdade. Ora, se os autogestionários levarem até o fim esse discurso de não ter representação quer dizer que não participarão do CCA. Quer dizer que nós estudantes de Sociais que temos no mínimo oito disciplinas de Política não iremos nos posicionar perante a universidade. Estudamos muito, estabelecemos inúmeros debates ricos em conteúdo pra no final ficarmos em silêncio e todos sabem o que significa o silêncio na atual circunstância da universidade. Viva o pós-modernismo!!! Se ficarmos nessa de quebrarmos todos os paradigmas, a única coisa que quebraremos é a nossa cara. O pós-modernismo é tão fluido que sua mudança sempre é de 360 graus. Agora, supondo outro cenário que haja a participação de apenas um estudante do CACS no CCA, o rapaz chega lá e de acordo com o seu humor e a sua fluidez define as posições por toda faculdade de C. Sociais sem conversar com ninguém com um poder monárquico. Dom CACS I. Ou ainda, supondo mais um cenário em que apenas dois estudantes, por exemplo um de cada chapa, participa do CCA com posições absolutamente inconciliáveis. Pra superar o impasse, haverá a disputa entre as partes e uma terá que prevalecer. Qual será ela se não há programa? 220V propõe que se defina no jóquei-pô!!! Lembrando sempre que a tesoura ganha do papel.

Outra coisa, vocês dizem que há a falência do modelo de representação do CACS e ao mesmo tempo reivindicam a ocupação das cadeiras discentes nos Conselhos para lá travar a luta política a fim de restabelecer a democracia dentro de nossa faculdade. A estrutura de poder dos Conselhos, basta ver a instância superior conhecida como Consad não tem participação estudantil de modo que por dentro dos Conselhos é impossível restabelecer a democracia na universidade. Nós não somos sectários com relação a participação nos Conselhos agora estar lá dentro é apenas como vocês dizem corretamente para se obter documentos oficiais acerca dos problemas essenciais da PUC-SP e assim denunciar publicamente por dentro e por fora deles que a universidade não é democrática e não atende aos interesses da comunidade. Por não ter objetivos claros, vocês não fazem uma diferenciação entre o que seria uma participação tática e uma participação estratégica nos Conselhos, deste modo caem em mais uma confusão... Só recapitulando as idéias que vocês propagam, fim da representação no CACS, nenhuma palavra a respeito do CCA e por fim todas as representações nos Conselhos do Redesenho. Isso é muita contradição teórica que cae numa prática extremamente bizarra.

A obsessão pelo micro faz com que haja autogestionários que banalizem o movimento estudantil. O discurso rancoroso de alguns é totalmente indiferente com relação por exemplo aos projetos do governo e aos problemas presentes nas outras universidades. Ao não olhar a atual estrutura de poder da universidade, acreditam também que é muito reducionista a visão de que o Consad é um fator determinante aqui. O Consad não seria um determinante se houvesse resistência. Mas banalizando o movimento estudantil como pode haver resistência? Só pelos métodos umbigóides que acha que por si só é mega ultra hiper master subversivo tocar maracatu pelado na Torre Eiffel. Não temos nada contra esse ato inusitado, apenas achamos insuficiente. O cálculo é muito simples na nossa visão: 20.000 estudantes passivos contra 2 padres e a sua Fundação, com certeza é vitória da Igreja, agora milhares de estudantes pelados ou não em ascenso contra os 2 padres e a sua Fundação podem trazer muita instabilidade e deixar o cenário em aberto. Ao colocar num monolito rotulado de Medo os Grabers, câmeras e cadeados junto com panfletos e krafts que denunciam o status quo, a umbigada egoísta assim como o Coronel Nascimento tem o sublime lampejo de concluir que agora o inimigo é outro.


A discussão de se por ventura a auto-gestão ganhar e logo a seguir começar a pensar em como irá agir, esbarra em outro problema da vida real que afeta diretamente os estudantes do curso de C. Sociais conhecido como Licenciatura. Essa luta iniciada em 2008 que inclusive muitos dos autogestionários estão realizando conosco tem dia e hora marcada pra se tomar a decisão. Por que estamos dizendo isso? Pelo simples fato de que a deliberação sobre um plano emergencial da licenciatura ocorrerá agora no dia 8 de novembro, num espaço muito curto de tempo que não dá pra postergar. Por mais que haja a comissão que estuda o assunto, a licenciatura ganharia muito mais visibilidade e atenção dos estudantes se estivesse no primeiro plano da discussão entre as chapas, coisa que seria um ponto central de qualquer plataforma política. Conseguiríamos avançar muito mais sendo a primeira pessoa do plural discutindo concretamente essa questão complexa que envolve grade curricular, influência dos núcleos de pesquisa na formação dos estudantes, poder de decisão dos estudantes na universidade e também como a maximização dos professores atrelado ao fato deles não lutarem por um outro projeto de universidade os faz demonizar essa causa legítima de todo estudante para não mexer na quantidade de horas aulas que eles irão dar. E seria muito mais interessante aos estudantes discutir esse tema do que ficar assistindo bate boca e baixaria como infelizmente ocorreu no debate da manhã.

Foi dito a respeito de nossa vã filosofia. Pode-se acusar qualquer um, menos Karl Marx de ver as pessoas como gado, pois vamos ser sinceros. Quem analisa as relações sociais sob a luz da Reificação ou Coisificação do ser humano? Esse conceito nem é usado a torto e a direito na Sociologia, né. Cuidado, antes de mostrar sua visão é recomendável dar uma passada no oftamologista ... Com toda a certeza, quem banaliza o movimento estudantil não é o marxismo!!! Ainda dentro da nossa vã filosofia, vamos citar a segunda tese de Marx contra Feuerbach: "A questão se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é teórica mas prática. É na praxis que o homem deve demonstrar a verdade, a saber, a efetividade e o poder, a citerioridade de seu pensamento. A disputa sobre a efetividade ou não-efetividade do pensamento isolado da praxis - é uma questão puramente escolástica."

Primeiros anos, não fiquem apenas no micro. Ouçam, ao contrário do que queria Theodor Adorno, a faixa musical do Chet Baker, mas não se calem diante da Faixa de Gaza. Essa experiência política do processo eleitoral ensinará muito mais do que o pedantismo escolástico que vocês se cansarão de ouvir em sala de aula. Lembrem-se da crítica de Marx a Feuerbach, é na prática que o homem deve demonstrar a verdade de seu pensamento. Se acharmos que 68 passou, seremos esses velinhos de 68 anos resignados que no auge de sua sabedoria estão conformados e não vêem nenhuma alternativa. 220V não é segregador do movimento como foi dito nos corredores. Apenas gostamos de ser claros e de colocar nossos pontos de vistas de modo preciso para que não haja dúvidas nos estudantes. Se concordam ou discordam de nossas posições isso é um fenômeno comum a todos na vida, agora o mais importante é saber quais são as nossas posições e se elas são fruto do embate e da polêmica com outras visões, preferimos expor o que e com quem polemizamos, mesmo que isso tenha um preço a ser pago. Embora sejamos adversários políticos das duas chapas, somos amigos pessoais de muitos deles e se depender de nós o processo eleitoral não irá destruir a nossa amizade e cremos profundamente que todos teremos maturidade suficiente pra não misturar as coisas. Por isso, aguardamos ansiosamente a resposta política que vocês tem a nos dar diante dessas considerações.