quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Grandes ataques para pequenas migalhas

23/11/2010



A nota da Fundasp de ontem antecipou qual seria a linha que a Igreja levaria para a negociação. Um diálogo reiterando que quem manda na PUC-SP é a mantenedora e que atenderia as demandas no limite das possibilidades.
Hoje, os onze representantes dos cursos souberam que os limites da possibilidade era nada mais nada menos do que a combinação de grandes ataques a comunidade aliado a pequenas migalhas que não objetivavam o altruísmo cristão, mas sim a divisão do movimento estudantil. Essa prática de divisão já havia sido posta em prática na reunião do Consad que culminou na ocupação da Reitoria. 
Antes de entrar no conteúdo das propostas, iremos fazer algumas denúncias sobre o funcionamento da reunião: a TVPUC não apareceu para transmitir a reunião, descumprindo o acordo firmado entre as partes, a Apropuc enfrentou resistência para poder assistir a negociação e por último o padre João Júlio saiu antes do final e o padre Rodolpho não compareceu.
A perfeita leitura da realidade fez com que o Consad soubesse que a correlação de forças está favorável a eles e que era o momento propício de irem à ofensiva para o aprofundamento do caráter elitista e mercantil da universidade. O salto qualitativo da correlação de forças se deu pela precipitada desocupação da Reitoria que tirou a carta na manga do movimento que não apenas era um elemento de pressão nas negociações como também dava visibilidade e repercussão nos três setores universitários e também na sociedade para a campanha pela redução de mensalidades. A não punição aos estudantes, por terem desocupado a Reitoria, foi o prêmio que o Consad nos deu para colocar a correlação favorável aos interesses deles.
Assim o Consad se viu confortável com a proposta de transformar a redução das mensalidades em redução do aumento das mensalidades. O Consad reajustou a proposta de aumento das mensalidades de 12% para 9,5%. Esse foi o ataque, agora a migalha consistiu na proposta de dar bolsas, mostrando como funciona a sua política de permanência estudantil e excelência. Lembrando que houve divergência nesse ponto entre Fundação e Reitor. Inicialmente o reitor sugeriu 100 bolsas e o padre J. J 50, sendo que no final ficou de cinquenta a 100 e não decidido o valor exato. E as 50 outras bolsas são de iniciação cientifica. Para 20.000 estudantes, mensalidades que custam mais de três ou quatro salários mínimos, para 100 alunos bolsas integrais, no melhor dos cenários, e 50 bolsas de pesquisa científica. 
É sempre bom lembrar que o aumento das mensalidades irá aumentar também o número de inadimplentes. Se considerarmos pela perspectiva do inadimplente até mesmo o congelamento das mensalidades não atenderia as nossas demandas, pois as mensalidades ainda custariam de 3 a 4 salários mínimos e os índices de inadimplência seriam os mesmos e o status quo elitista não se alteraria. A consciência de que a inadimplência irá aumentar, fez o Consad humanizar-se e com muita piedade flexibilizasse a renegociação da dívida dos inadimplentes de 3 para 5 parcelas.  
Recordemos que a luta pela redução das mensalidades objetiva garantir a permanência estudantil, reduzir a inadimplência e aumentar o acesso da população pobre. De modo que, não é qualquer redução que resolveria os nossos problemas, pois os preços das mensalidades são tão abusivos que uma redução de R$ 200,00 ,por exemplo, no curso de Psicologia seria inexpressiva, pois tornaria a mensalidade de R$ 1700 em R$ 1500, coisa que manteria o mesmo caráter, projeto e composição social da PUC-SP.
Mesmo cobrando essa fortuna mensal dos estudantes, o Consad é incapaz de garantir um bandejão de qualidade por R$3,00. Não garante a criação de um centro de educação infantil, para estudantes e trabalhadoras deixarem seus filhos e muito menos aumenta os vergonhosos 16 reais de hora-aula para os professores com doutorado nas Ciências Sociais. Isso pra não falar na efetivação dos trabalhadores terceirizados da limpeza. Pra onde vai todo esse dinheiro? Somente a Vale, Bradesco e o Santander têm direitos nessa universidade? E a comunidade não tem direito a nada, apenas a pagar? Ninguém aqui é otário. Seu bando de canalhas e safados, abram os livros de conta e digam em alto e bom som o que vocês fazem com o nosso dinheiro. Quem na realidade são os mantenedores da universidade? São os professores maximizados, funcionários terceirizados e estudantes inadimplentes e não a Igreja e os capitalistas da educação. Por isso, gritamos para todos: Abaixo o Consad!!! A PUC é nossa!!! Unidade estudantil para massificar a luta!!!
220V

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